segunda-feira, 7 de maio de 2012

Luz no fim do túnel? Parece que não

Venizelos (esq.) e Samaras (dir.). EL PAÍS.

Como já foi relatado aqui no "Internationale Actuelle", no domingo foram realizadas as eleições legislativas na Grécia. Se as pesquisas já estavam alertando a opinião internacional sobre o país, a coisa ficou ainda pior quando todas as urnas foram apuradas. Basicamente o atual Parlamento é um dos mais fragmentados da história do país.

A Nova Democracia, partido de centro-direita que fazia parte da coalizão, atingiu 18,85% dos votos (108 deputados). A partir daí é que começam as surpresas. O PASOK, que em 2007 havia conquistado 44% do eleitorado, obteve apenas 13,18% no domingo (41 deputados). O segundo partido mais votado foi o Syriza, chefiado pelo jovem Alexis Tsiparis (38 anos). Com 16,78% dos sufrágios, um número razoável de assentos no Parlamento foram conseguidos (52).

Se acham que isso já denota a indignação do povo grego com as dívidas do país e com a miséria em que estão vivendo, esperem um pouco e respirem fundo antes de ler o que segue: o KKE, partido comunista, conseguiu colocar 26 deputados no Parlamento graças aos 8,48% de votos conquistados. E não para por aí. O neonazista -ou como preferem seus seguidores Ultranacionalista Grego- Aurora Dourada superou a porcentagem esperada e, com 6,97% do eleitorado vai contar com 21 cadeiras no Parlamento.

Para bom entendedor meia palavra basta. Com um Parlamento tão fragmentado assim é quase impossível formar um novo governo de coalizão. Hoje o líder do Nova Democracia, Antonis Samaras, disse o seguinte: "fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, mas foi impossível". Resumindo: ele tinha três dias para formar uma nova coalizão e fracassou.

Agora a "bucha" está nas mãos de Tsiparis. E é justamente aí que entram suas ideias de reforma. Ele quer renegociar com a UE e com o FMI as condições para que o resgate de 130 bilhões de euros, providenciado por Evangelos Venizelos, não prejudique ainda mais o país. Isso implicaria em uma redução, por assim dizer, da troika e das medidas de austeridade tão defendidas (apenas) por Angela Merkel. A chanceler alemã já se pronunciou dizendo que não concorda com estes termos.

Sejamos racionais. Ao menos em um ponto o discurso de Tsiparis não é totalmente absurdo. Ele não quer que o povo grego seja ainda mais prejudicado. Contudo, a Grécia está uma situação muito crítica onde precisa fazer estes "sacrifícios" para não quebrar de vez. E, cá entre nós, apenas uma tentativa de inflar a economia não iria resolver os problemas do país. Até porque, é bastante complicado que tal coisa aconteça.

Voltando ao assunto coalizão, Tsiparis também não vai ter vida fácil. Além de não contar com o apoio dos extremistas, se ele tiver um discurso anti-Europa na manga também vai acabar tendo sérios problemas. Caso ele não consiga formar o governo, a última tentativa será feita com Evangelos Venizelos. E se mesmo assim nada der certo, novas eleições serão marcadas.


Nenhum comentário:

Postar um comentário