domingo, 17 de junho de 2012

Pelo menos por enquanto, alívio...

Antonis Samaras. EKATHIMERINI.

Neste domingo (17) foram realizadas novas eleições legislativas na Grécia. O conservador Nova Democracia venceu com 29,68% dos votos, enquanto o esquerdista Syriza ficou com 26,89%. Mais do mesmo. Assim como nas eleições passadas, o partido que venceu irá sofrer muito para formar uma coalizão.

O resultado em si não foi surpreendente. Houve um grande apoio para o Syriza, mas boa parte da população se manteve fiel à UE. Durante a semana muito se especulou sobre como seria este Grexit (saída da Grécia) e seus possíveis reflexos na zona do Euro. Todos os analistas concordaram que serviria de exemplo para Alemanha mudar sua atitude quase que exclusivamente baseada na austeridade. Mas ainda não será dessa vez que a senhora Merkel vai aceitar de bom grado as cláusulas de crescimento.

Por incrível que pareça, Antonis Samaras e o Nova Democracia passaram pela etapa "menos complicada" do processo de permanência ou não da Grécia na UE. As eleições foram apenas o primeiro obstáculo. Agora vem a luta visando uma coalização com, no mínimo, 151 deputados. Vamos analisar os números: o partido vencedor terá 129 deputados, o Syriza 71, o decepcionante PASOK 33, 20 para os Gregos Independentes, Aurora Dourada terá 18, Esquerda Democrática 18 e KKE 12.

Composição do Parlamento.EL PAÍS.

A primeira possibilidade seria uma aliança com o Partido Socialista Pan-Helênico, como ocorreu nos governos anteriores (na ocasião, o Nova Democracia era a oposição mas acabou se associando ao PASOK), mas Evangelos Venizelos afirmou que só aceitaria participar de um governo onde o Syriza pudesse ser incluído. Isso diz tudo.

O líder populista do Syriza, Alexis Tsipras, parabenizou pessoalmente Samaras pela vitória, mas em seu discurso disse que seu partido não iria fazer parte de qualquer governo que compactuasse deliberadamente com o Memorando. Fez questão de frisar que exige uma renegociação. A verdade é que o próprio Samaras quer que a troika tente apertar menos o cinto para a Grécia, mas não tanto quanto Tsipras.

Assim que as eleições terminaram o ministro das relações exteriores alemão, Guido Westerwelle, comentou que a escolha pelo Nova Democracia foi "o apoio demonstrado pelo povo grego à UE", mas fez questão de ressaltar que as condições para que o resgate aconteça permanecem as mesmas. Ademais, pediu para que um novo governo seja formado o mais rápido possível.

A verdade é que Antonis Samaras, apelidado pelos partidários do PASOK há alguns anos como "senhor não" por sempre discordar das ideias propostas por eles, agora está sentindo na pele o que é fazer parte da situação e ter uma oposição chata no seu caminho. Seguramente ele não irá dormir pelos próximos dias e não é sempre que terá a titia Merkel à sua disposição.

Alguns meios de comunicação da Grécia estão dizendo, inclusive, que foi até melhor para Tsipras a derrota de seu partido. Assim quem sofre o desgaste todo é Samaras enquanto ele adota a política do não e se fortalece cada vez mais no cenário nacional. Vamos aguardar os próximos capítulos desta agonizante história que, ao parece, ainda está muito longe de acabar.

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