domingo, 8 de julho de 2012

Eleições na Líbia, motivo de grande comemoração

Comemoração pela liberdade. BBC.

Neste sábado (07) após a realização das eleições parlamentares na Líbia, a população da capital Trípoli se reuniu na Praça dos Mártires com bandeiras e buzinando muito. Não estavam defendendo seus respectivos partidos políticos ou candidatos, mas sim o fato de poderem votar livremente depois de 60 anos.

Após a queda do general Muamar Kadafi se instaurou no país o Conselho Nacional de Transição (CNT), visando manter a ordem até realização das eleições. O problema é que a ideia de ordem foi muito vaga, já que diferentes milícias armadas se fizeram presentes no país. Isso não foi surpresa nenhuma, haja vista que não havia poder centralizado e o exército praticamente deixou de existir.

Sem o exército, os índices de criminalidade aumentaram muito e, com isso, aqueles que possuíam armas de fogo e faziam parte das forças militares nacionais, se reuniram em suas cidades. Os mais poderosos ficaram no controle e organizavam patrulhas. Caótico, não? Mas foi nesta situação que a Líbia ficou pouco depois da queda de Kadafi. Os crimes que seguramente aconteceram neste meio-tempo são incontáveis.

Mas, felizmente, as eleições chegaram. O povo elegeu o Parlamento, que por sua vez irá anunciar o premiê do país. O favorito é o já conhecido Mahmoud Djibril, ex-ministro das finanças de Kadafi e que foi, para muitos, o "mentor" dos revoltosos. Ele se colocou à frente do CNT e tratou de organizar as eleições. Figura conhecida e adorada no país.

Seu partido é o liberal Aliança Nacional das Forças, que luta vis-a-vis com o Justiça e Construção -representação partidária da fortíssima Irmandade Muçulmana. Diferentemente do que aconteceu -e acontece- no Egito, a Irmandade líbia não falou em sharía ou fundamentalismo islâmico. Isso é ótimo. Os mais liberais têm esperanças de que a coalizão entre os dois partidos seja bastante frutuosa. Pelo momento que a Líbia vive, é a melhor opção possível. Uma briga partidária agora só deixaria a situação ainda mais complicada.

A verdade é que as pessoas mal sabiam em quem votar. Foram cerca de 2.600 candidatos e 400 partidos, sendo que o número de cadeiras é 200. Tarik Kafala, correspondente da BBC, entrevistou um taxista que lhe disse o seguinte: "não sei em quem votar, mas provavelmente escolherei um candidato ligado ao partido de Djibril". Mas as pessoas estavam tão empolgadas que nem este número exorbitante de candidatos as assustou.

Ademais, há a divisão de cadeiras no Parlamento por regiões do país. Oeste terá 100 lugares; sul 40; e o leste, localidade conhecida pelas grandes reservas de petróleo, contará com 60 cadeiras. Inicialmente, segundo o CNT, os parlamentares iriam escolher 60 membros que elaborariam uma nova Constituição para o país. Entretanto, tal medida gerou uma série de protestos até que fosse acordada uma eleição também com este intuito.

O que se espera agora é que a Líbia comece a entrar nos eixos. Logicamente o período de turbulência ainda está longe de passar, mas se há algo que pode contribuir para a economia nacional, e consequentemente para a qualidade de vida no país, são as reservas de petróleo (maiores da África) e os mais de 155 bilhões de dólares guardados nos bancos.

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