segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Paul Ryan será o companheiro de Mitt Romney na chapa republicana

Ryan e Romney.

No fim da última semana o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Mitt Romney, finalmente anunciou o nome de seu vice. O escolhido foi o congressista Paul Ryan, de 42 anos, de Wisconsin. Esta escolha deixou ainda mais evidente a abordagem predominantemente econômica na campanha de Romney.

Mas antes de falar sobre o quesito economia, passemos a uma análise de Ryan. Por que Romney o escolheu? Basicamente nos últimos anos com suas propostas de reformulação fiscal -incluindo a interessante ideia de privatizar a previdência social- ele se mostrou como parte da nova geração do Partido Republicano. Geração esta que pretende mudar a cara do partido e literalmente "sair do muro". Outro que também faz parte desta geração é Marco Rubio, senador pela Flórida, que estava entre as opções de Romney.

Para mim a escolha de Rubio seria quase que unicamente uma aposta no voto dos hispanos. Pese o fato de pertencer à ala mais conservadora do partido, seu impacto nacional seria bem menor que o de Ryan. E, de uma forma ou de outra, Romney sabe que apenas um milagre lhe fará obter mais votos que Barack Obama na Flórida (seja de hispanos ou não).

Na tentativa de contrariar o já mencionado aqui pragmatismo em sua campanha, Romney escolheu um vice de retórica bastante afiada e, principalmente, alguém que é muito bem visto pelo Tea Party. Ao longo dos anos Ryan veio "enchendo os olhos" dos conservadores americanos e abrindo as mentes dos mais liberais. E isso não é muito comum.

Agora ele ficou mundialmente conhecido como o homem que quer derrubar o Medicare de Obama (mesmo tendo apoiado o projeto há alguns anos atrás) -o programa de saúde para quem tem mais de 65 anos. Na verdade, ele quer substituí-lo por um programa de pagamentos diretos aos idosos, que poderiam então comprar um seguro privado. Mas por que isso? Basicamente para cortar alguns dos (muitos) gastos estatais. O problema é que tal medida desagrada mesmo aos conservadores, como lembrou Caio Blinder: "A história mostra que a base republicana despreza gastos governamentais e o déficit fiscal em termos abstratos, mas a conversa muda quando programas específicos ameaçam os beneficiados. É fácil se insurgir com a percepção que o governo é muito camarada com gente pobre, mas é outra coisa ser convocado para oferecer sua dose pessoal de sacrifício".

Ainda que a reforma do Medicare esteja um pouco distante, o simples fato de Ryan defender um projeto desta magnitude já revela muito sobre ele. A campanha de Romney saiu do campo da crítica única e exclusivamente econômica para o campo das possíveis soluções, o que é uma grande coisa.

O fato de ele ser próximo do Tea Party não prejudica em nada o ex-governador de Massachusetts. Aliás, muito pelo contrário, isso só une ainda mais os republicanos. O American Conservative, inclusive relembrou os vice-presidentes republicanos que ao longo da história se mostraram mais conservadores que os próprios presidentes. Dentre eles estão Richard Nixon ( vice de Dwight Eisenhower), Spiro Agnew (vice do próprio Nixon e sim, ele era mais conservador que o Nixon!) e Dan Quayle (vice de George HW Bush).

O jornal ainda relembra a simpática (?) Sarah Palin, que esteve na chapa de John McCain em 2008. Entretanto, nenhum destes vices tinha uma abordagem tão efusiva quanto a de Ryan. Será que era esta a injeção de ânimo que faltava à campanha de Mitt Romney? Para William Kristol, editor da Weekly Standard, sim. Tanto que há poucas semanas (antes do anúncio oficial) ele escreveu um artigo intitulado "Vá para o ouro, Mitt" onde falava sobre Ryan e Rubio mas defendia claramente a escolha do primeiro.

Apesar da boa escolha, ainda há um problema com o qual nem Romney nem Ryan parecem saber lidar: política externa. Durante anos no congresso Ryan raramente se mencionou sobre o assunto, evitando até mesmo o posicionamento sobre as guerras. Romney, por outro lado, cometeu algumas gafes recentemente e parece que seguirá cometendo.

Portanto, agora é esperar e ver como se desenrola esta campanha até as eleições presidenciais. A certeza que temos é que os debates serão cada vez mais quentes e o comandante-em-chefe Obama vai precisar mostrar toda a sua experiência política para se reeleger. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário