segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O Egito é a maior esperança de um cessar-fogo

Reunião dos ministros israelenses. Times of Israel

Atualização do conflito

Estamos caminhando para o sétimo dia da operação israelense Pilar de Defesa na Faixa de Gaza e, segundo Al Jazeera, o número de mortos chega a 110 (o de feridos gira em torno de 450). Apesar de a imprensa árabe ter vinculado, até agora não há sinais claros de que um cessar-fogo seja iminente. No domingo negociadores israelenses e palestinos se reuniram no Cairo mas não chegaram a um acordo.

Desde o último post, a situação segue a mesma: Israel ataca pontos estratégicos do Hamas e a organização terrorista responde com foguetes de curto (Qassam) e longo (Farj5) alcance. O IDF informou que mais de 1.500 alvos foram atingidos. Nesta segunda (19) o grupo Jihad Islâmica confirmou a morte do líder das brigadas Al-Quds, seu braço armado, Ramez Harb.

Segundo o próprio IDF nos últimos cinco dias um total de 877 foguetes foram lançados contra Israel, dos quais o sistema anti-mísseis Iron Dome conseguiu abater 307. A verdade que o Iron Dome está salvando Israel. Vale lembrar que o sistema é um tanto quanto moderno e começou a ser instalado efetivamente só no ano passsado.

Infelizmente o número de civis mortos -principalmente crianças- segue chamando muito a atenção de todo o mundo. Al-Jazeera informou que no domingo uma família inteira foi morta. O que mais assusta é que, ainda assim, a população de Gaza segue apoiando o Hamas. Os terroristas, como bem disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, estão usando os civis como escudo para disparar contra outros civis. Mas cada foguete lançado contra Israel é, na verdade, um motivo de comemoração.

Também neste fim de semana o correspondente da Al-Jazeera em Gaza, Nadim Baba, publicou uma foto de um local, cheio de casas, de onde um foguete acabara de ser disparado. Há relatos também de que alguns dos mísseis lançados pelo Hamas caíram em Gaza, ferindo pessoas.

Khaled Mashaal (E), líder do Hamas, e Morsi (D).
As dificuldades no cessar-fogo

Com a ascensão de regimes islâmicos na Primavera Árabe, o Hamas está aproveitando para ver até onde consegue ir sendo protegido de outras nações islâmicas (está, inclusive, testando o Egito) e financiado por mais terroristas (Irã e Hezbollah).

O cessar-fogo foi impossível até agora, apesar dos inúmeros diálogos, devido às reivindicações de ambos os lados: o Hamas quer (1) todos os postos de fonteira em Gaza abertos 24 horas por dia, (2) um fim dos ataques israelenses e (3) manter seu armamento; Israel, por outro lado, quer (1) todos os grupos terroristas desarmados, (2) parada imediata no lançamento de foguetes e (3) um cessar-fogo de longo prazo garantido.

Morsi está deixando seu amor pelo Hamas de lado para servir como mediador

Como bem disse David Kirkpatrick, no passado o presidente egípcio Mohamed Morsi, então líder da Irmandade Muçulmana, defendeu avidamente a causa palestina, condenou Israel e se mostrou um grande apoiador do Hamas. Hoje, na qualidade de chefe de Estado, ele precisa cumprir o seu papel e deixar as crenças de lado (ou o próprio país, que tem negócios com Israel, vai sofrer ainda mais os efeitos da crise econômica interna).

Ao que parece ele está fazendo isso. O simples fato de se referir a Israel pelo nome e não como "o intruso sionista" ou, como prefere Ahmadinejad, "o câncer", já é alguma coisa. Tudo indica que ele está fazendo o possível para que o cessar-fogo aconteça (ao contrário de outros chefes de Estado, como Recep Tayyp Erdogan, que chamou os israelenses de terroristas).

Em seu mais recente artigo no Foreign Affairs, Ehud Yaari sugere uma boa alternativa para o fim do conflito (ou pelo menos um cessar-fogo): a abertura do terminal de Rafah, que fica na fronteira do Egito com Gaza. Reparem que uma das reivindicações do Hamas é a total abertura da fronteira, para facilitar não só o trânsito de pessoas, mas também de mercadorias.

Para Yaari, "isto poderia significar que Gaza iria receber seu combustível e outros produtos do Egito, enquanto Israel continuaria fornecendo eletricidade. Portos egípcios poderiam começar a lidar com o fluxo de mercadorias dentro e fora de Gaza, e Israel seria eliminado gradualmente das atividades comerciais que passam pelos seis terminais operantes em Gaza".

Veem? Esta, sem dúvida, é a melhor alternativa para pôr fim a este combate antes que ele se intensifique ainda mais. Tal medida seria boa para ambos, haja vista que o Egito posaria de herói para os palestinos e Israel poderia transferir um "problema" para Morsi (cá entre nós, o Hamas não é um problema para o Egito).


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